quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Introdução ao livro de Daniel


Tema e estrutura do livro de Daniel:

 O Senhor usou Daniel e seus amigos, e os milagres associados a eles, para impressionar uma série de reis do fato de que Ele estava no comando e que deveriam dar contas a Ele.Central ao livro está o tema de que Deus é soberano sobre todas as nações, mesmo quando Seu povo é oprimido e que Ele, por fim, livrará aqueles que Lhe forem fiéis. Este tema é explicitamente introduzido em 2:20-23 e enfatizado nos capítulos 4-5 pela repetição do conceito: “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens” (4.17; comparar com vv. 25, 32; 5.21). Os capítulos 4-5 formam o centro de uma estrutura simétrica (quiástica):

A. Problema: O templo e o povo de Deus conquistados (cap. 1)
   B. Sonho de Nabucodonosor de quatro reinos (cap. 2)
      C. Amigos de Daniel livrados da fornalha de fogo (cap.3)
         D. Nabucodonosor humilhado pela sentença divina; 
              Belsazar humilhado pela sentença divina (caps. 4-5);
      C’. Daniel livrado da cova dos leões (cap. 6)
   B’. Visão de Daniel de quatro reinos (cap. 7)
A’. Solução: O templo de Deus restaurado e Seu povo libertado (caps. 8-12)

Os capítulos externos (1:1-2:4a; caps 8-12) da estrutura literária foram escritos em hebraico. Mas os capítulos internos (2:4-b – 7:28) estão em aramaico ... Nabucodonosor pertencia ao povo caldeu do sul da Mesopotâmia (hoje Iraque), que havia conquistado Babilônia. O aramaico se tornara a língua internacional, portanto o uso dela por Daniel implica que a mensagem de 2:4-7:28 era dirigida tanto para os gentios quanto para os judeus (comparar com Jer 10:11, o único verso dos outros profetas escrito também em aramaico). Andrews Study Bible.

As profecias de Daniel estão estreitamente relacionadas às do livro do Apocalipse. Na verdade, o Apocalipse trata do mesmo tema, mas dá ênfase especial ao papel da igreja cristã como povo escolhido de Deus. Dessa forma, detalhes que parecem obscuros no livro de Daniel são em geral esclarecidos quando observados no livro de Apocalipse. A parte da profecia que se refere aos últimos dias, Daniel teve ordem de fechar e selar, até “o tempo do fim” (GC, 356), quando , por meio de estudo diligente do livro, o “saber” de seu conteúdo se multiplicaria (Dn 12:4). ... João foi especificamente instruído: “Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo” (Ap 22:10). Assim, para se ter uma interpretação mais clara de qualquer parte do livro de Daniel que seja obscura, deve-se estudar cuidadosamente o livro de Apocalipse.  CBASD – Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 4, p. 828.

Daniel 1

Comentário devocional:

Daniel recorda como ele e seus três amigos tiveram de aprender babilônico, assírio, sumério e outras línguas e a literatura destas línguas. Eles tinham que se sentar diariamente com seus amigos aprendendo a gramática e o significado das frases em escrita cuneiforme (escrita em formato de unhas), como as que os arqueólogos encontraram nos textos da Biblioteca de Nínive.

O curso na universidade babilônica durava três anos (v. 5). Os melhores matemáticos, astrônomos, historiadores, professores de literatura educaram Daniel e seus amigos todos os dias.

Daniel e seus amigos estavam em apuros. Eles enfrentaram decisões que testavam sua fé e tiveram que decidir rapidamente. O rei também bebia vinho (v. 8) e Daniel sabia que o álcool e a educação não são bons parceiros. Quando a Bíblia se refere negativamente ao vinho, está falando do vinho alcoólico; quando positivamente, ao suco de uva ou geléia de uva. Bebês pedem vinho a suas mães em Lam 2:11-12. Nenhuma mãe forneceria álcool para sua criança. 

Daniel e seus amigos devem ter considerado cuidadosamente os conselhos de Salomão: "Quando você se assentar com alguma autoridade, observe com atenção quem está diante de você ... não deseje as iguarias que ele oferece, pois podem ser enganosas" (Prov 23:1 e 3 NVI); "Não se deixe atrair pelo vinho quando está vermelho, quando cintila no copo e escorre suavemente! No fim ele morde como serpente e envenena como víbora. Seus olhos verão coisas estranhas, e sua mente distorcidas" (Prov 23: 31-33, NVI).

Então eles resolveram firmemente não se contaminar com a comida e bebida escolhidas pelo rei para a sua mesa (v. 8). O conhecimento e o amor que tinham pelas Escrituras os ajudaram a tomar decisões sóbrias e vitais. Eles poderiam ser cativos do rei da Babilônia, mas não sua mente e alma. Deus aprovou a decisão de Daniel e seus companheiros e os abençoou nesta prova de fé. Seu comandante gostava deles (v. 9) e, após dez dias de teste, permitiu que recebessem somente comida vegetariana e água (v. 12-14). Deus apreciou muito a fé dos quatro companheiros e lhes deu "sabedoria e inteligência para conhecerem todos os aspectos da cultura e da ciência" (v 17a NVI). A Daniel foi dado adicionalmente o talento de interpretar visões e sonhos (v. 17b). Com a bênção de Deus, após o período de instrução o rei Nabucodonosor os achou superiores, em muito, aos demais sábios de todo o seu reino (v. 18-20).

Daniel termina o resumo de sua história pessoal dizendo que ele trabalhou para Babilônia até o primeiro ano do rei Ciro (v. 21), em 538 aC. Se ele tinha 16 anos na época do cativeiro, tinha 83 anos, quando terminou sua carreira. 

Querido Deus,
A autobiografia de Daniel fala sobre Ti. Vemos ali a Tua mão na frente, ao lado e atrás dele o tempo todo. Queremos ser assim também ser cuidados por Ti. Ao passarmos por situações difíceis ajuda-nos a sermos vitoriosos como Daniel e seus companheiros. Amém.

Koot van Wyk
Universidade Nacional Sangju, Coreia do Sul


Texto original:  http://revivedbyhisword.org/en/bible/dan/1/  e https://www.revivalandreformation.org/?id=1097

Traduzido por JAQ/JDS




Comentários selecionados:

no ano terceiro do reinado de Jeoaquim. 605 aC. Andrews Study Bible.

A destruição foi completada alguns anos mais tarde, no ano 586 aC nos reinados de Jeoaquim, Joaquim e Zedequias, 2 Rs 24.1-25.10. Bíblia Shedd.

O Senhor lhe entregou. Segundo foi profetizado por Jeremias, Jr 27.1-8. Bíblia Shedd.

Judá foi exilado para a Babilônia por desobedecer à palavra de Deus no tocante à guarda da aliança, aos anos sabáticos e à idolatria. (v. Lv 25.1-7; 26.27-35; 2Cr 36.14-21). Na primeira deportação (605 aC) estava Daniel, e na segunda (597), Ezequiel. Aconteceu uma terceira deportação em 586, quando os babilônios destruíram Jerusalém e o templo. Bíblia de Estudo NVI Vida.

alguns dos utensílios da Casa de Deus. Mais tarde foram todos. Bíblia Shedd.

O templo permaneceu em pé até 586 aC. Mas Nabucodonosor levou alguns dos itens mais valiosos e os depositou no tesouro de suas divindades. Isto introduz conflito entre o Deus verdadeiro e o poder do homem. Andrews Study Bible.

linhagem real. Daniel era um jovem de alta estirpe, um nobre. Bíblia Shedd.

resolveu Daniel ... não contaminar-se. Porque Daniel resolveu permanecer fiel ao Senhor, ele não poderia permitir ser absorvido pela cultura babilônica de modo que conflitasse com a santidade, incluindo comer carne de espécies “imundas” (Lev 11; Dt 14; comparar com Gên 7:2, 8-9, 20). Havia problemas adicionais com a dieta babilônica: a carne poderia vir de animal sufocado, com sangue não adequadamente drenado (Gên 9:4; Lev 17:10-12; comparar com At 15:20, 29) e a comida e bebida poderiam ter sido oferecidos a ídolos (comparar com Num 25:2; At 15:20, 29). Andrews Study Bible.

Tinha suas convicções, e as manifestou com coragem. Bíblia de Estudo NVI Vida.

Deus honrou esses jovens por causa de seu firme propósito de fazer o que era certo. Para eles, a aprovação de Deus era mais estimada do que o favor do homem mais poderoso da terra; mais estimada que a própria vida (ver CRA, 31). Essa firme resolução não nasceu com a pressão das circunstâncias imediatas. Desde a infância, esses jovens foram treinados com hábitos de estrita temperança. CBASD, vol. 4, p. 837.
 
12 Experimenta, peço-te, os teus servos. Daniel empregou bom juízo ao oferecer uma alternativa em vez de rebelar-se. Bíblia de Estudo NVI Vida.

dez. Muitas vezes tinha o significado simbólico de conta completa. Bíblia de Estudo NVI Vida.

legumes. Do heb. zero’im, “alimento derivado de plantas”, como cereais e vegetais. De acordo com a tradição judaica, frutas vermelhas e tâmaras também se incluíam neste termo. CBASD, vol. 4, p. 837.

legumes ... e água. Esta dieta vegetariana resolveria todos os problemas religiosos. Além disso, ela foi notadamente mais saudável, razão pela qual se Daniel e seus companheiros foram autorizados a nela continuar (v. 15). Andrews Study Bible.

17 Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria. Com a ajuda de Deus, Daniel e seus amigos dominaram os escritos babilônicos a respeito da astrologia e da adivinhação mediante sonhos. Mas nos testes cruciais de interpretação e de predição (ver 2.3-11; 4.7), toda a literatura pagã mostrou-se inútil. Só mediante a revelação especial da parte de Deus (2.17-28) Daniel conseguiu interpretar corretamente. Bíblia de Estudo NVI Vida. 

A instrução que Daniel e seus três amigos receberam foi também um teste de fé. O saber dos caldeus estava aliado a práticas idólatras e pagãs, e misturava ciência e magia, conhecimento com superstição. Os aprendizes hebreus se mantiveram distante dessas coisas. Não se sabe como evitaram conflitos; mas, apesar das influências más, eles se apegaram à fé de seus pais, como demonstraram claramente os eventos posteriores. Os quatro aprenderam as habilidades e ciências dos caldeus sem adotar os elementos pagãos mesclados com as mesmas. CBASD, vol. 4, p. 837.

19 Era o exame conduzido pelo próprio rei, para verificar a cultura geral dos rapazes selecionados para contribuir à glória do seu império. Esta cultura confunde-se com as artes mágicas. Bíblia Shedd.

20 dez vezes mais. Uma expressão que quer dizer “muito melhor”. Andrews Study Bible.

Do que todos os mágicos e encantadoresPor meio de uma descrição posterior das habilidades de Daniel, feita pela mãe de Nabucodonosor, sabe-se que Daniel era conhecido como um homem capaz de “declaração de enigmas e solução de casos difíceis” (Dn 5:12). As perguntas feitas a eles podem ter incluído explicação de enigmas, que era diversão favorita nas cortes do antigo Oriente. O exame também pode ter incluído a solução de problemas matemáticos e astronômicos, matérias em que os babilônios eram mestres, conforme revelam documentos, ou uma demonstração da habilidade de ler e escrever a difícil língua cuneiforme. A sabedoria superior de Daniel e de seus companheiros não era resultado de sorte ou destino, ou mesmo de um milagre, como em geral se entende. Os jovens se aplicaram com diligência e consciência aos estudos, e Deus abençoou os esforços deles. O verdadeiro êxito em qualquer empreendimento é assegurado quando se combina esforço humano com o divino. O esforço humano por si só de nada vale, e o poder divino não torna desnecessária a cooperação humana (ver PR, 486, 487; cf PP, 214). CBASD, vol. 4, p. 839.

Encantadores. Adivinhação, magia, exorcismo e astrologia eram comuns entre os povos antigos; mas, em alguns lugares como Babilônia, eram praticados por homens da ciência [métodos de previsão descritos: haptoscopia/exame de fígados; quiromancia/mãos; lecanomancia/óleo na água; belomancia/flechas sacudidas]. ... É um erro supor que os sábios de Babilônia eram apenas adivinhos e magos. Embora fossem habilidosos nessas artes, eram também eruditos no verdadeiro sentido da palavra. ... como na Idade Média. ...  Os encantadores e adivinhos da Antiguidade se aplicavam também a estudos estritamente científicos. Seu conhecimento astronômico tinha atingido um surpreendente nível de desenvolvimento. ... Os astrônomos eram capazes de predizer eclipses lunares e solares mediante cálculos. Sua habilidade matemática era bastante desenvolvida. Eles empregavam fórmulas cujo descobrimento em geral é atribuído erroneamente aos gregos. Além disso, eram bons arquitetos, construtores e médicos. Eles encontravam por meios empíricos a cura para muitos males. Deve ter sido nessas áreas de conhecimento e habilidade que Daniel e seus três amigos superaram os encantadores, astrólogos e eruditos babilônios. CBASD, vol. 4, p. 840.

21 continuou. Ficou como oficial do Império até o ano 536 aC, o primeiro ano do rei Ciro. Sua última visão veio mais tarde. Bíblia Shedd.

Daniel ainda estava vivo no ano 537 (10.1), de modo que viu os exilados voltarem a Judá, saindo do cativeiro na Babilônia. Bíblia de Estudo NVI Vida.

Daniel 2


Comentário devocional

 Neste capítulo Daniel relata um acontecimento que marcou definitivamente a sua vida. Ele escreveu em aramaico, a língua falada pela população em geral, para que a veracidade do relato pudesse ser confirmada pelos oficiais da corte que falavam essa língua. É interessante notar que os pergaminhos encontrados nas cavernas de Qumran trazem exatamente o mesmo texto hebraico a partir do qual nossas atuais traduções da Bíblia são feitas. 

No segundo ano de Nabucodonosor, Deus deu ao rei um sonho que o perturbou muito (v. 1). Ditadores muitas vezes são inseguros e não confiam em ninguém ao seu redor. Naqueles dias, um ditador buscava ansiosamente o conselho dos adivinhos sobre o que deveria ou não fazer. Neste caso, entretanto, eles simplesmente não sabiam o que dizer a Nabucodonosor a partir de suas tábuas astrológicas. 

 O rei disse que estava ansioso para saber o sonho (v. 3) e ameaçou todos os sábios da corte com a morte caso não conseguissem revelar o mistério. "Esta é a minha decisão: se vocês não me disserem qual foi o meu sonho e não o interpretarem, farei que vocês sejam cortados em pedaços e que as suas casas se tornem montes de entulho" (v. 5, NVI). 

Os adivinhos perceberam então que tinham um grande problema. Eles conheciam a extrema brutalidade dos ditadores assírios e babilônios, como a demonstrada na captura de Laquis, registrada na parede do palácio de Senaqueribe, em Nínive. Muito provavelmente eles seriam cortados em pedaços ainda vivos. 

 Tendo ciência da crise que também o envolvia, Daniel se aproximou e pediu para falar com o rei (v. 15) e pediu a seus amigos para orarem com ele a respeito do assunto (v. 17-18). Deus respondeu a oração deles e deu a Daniel o sonho e a sua interpretação (v. 19). O conceito fundamental do sonho é que Deus está no controle da história deste mundo e de seus sucessivos impérios. Este mesmo conceito já havia sido exposto por Moisés em Gênesis 31, Êxodo 3 e Jó 12. 

 A interpretação do sonho dada por Deus a Daniel e transmitida ao rei foi a seguinte: A cabeça de ouro da imagem representava a Babilônia (v. 37a). Outros reinos se sucederiam, como confirmado pela História. Depois da Babilônia veio a Medo-Pérsia (v. 39a) representada pela prata, e depois de sua queda, veio o Império Grego representado pelo bronze (v. 39b). 

Depois da queda da Grécia dominou o "império de ferro" de Roma. Mais tarde, na Idade Média, Roma assumiu uma orientação religiosa através da Igreja Católica Romana, quando passou a ser conhecido como o Sacro Império Romano (v. 40). O aspecto religioso de Roma se revela logo em 538 dC, quando o imperador Justiniano ordenou que nas moedas a serem cunhadas naquele ano ele não deveria ser retratado, como no passado, como um guerreiro ou um soldado com uma lança em um cavalo, mas como um teólogo segurando em suas mãos uma cruz. 

 O último reino que aparece no sonho composto de "argila e ferro" (vs. 41-43), também teria fim, como todos os demais. Então uma pedra vinda do próprio Deus destruiria a imagem que Nabucodonosor vira em seu sonho e o Deus do céu estabeleceria um reino que jamais seria destruído (v. 44). 

 Quando Nabucodonosor ouviu tudo isso, colocou o rosto em terra perante Daniel (v. 45-47). Apesar de ser ainda um calouro, Daniel foi promovido a chefe de todos os sábios da Babilônia. Daniel foi trazido para a corte do rei e seus amigos se tornaram encarregados da administração da província de Babilônia, a seu pedido (v. 49). A inteligência e a sabedoria de Daniel e seus companheiros lhes foram dados por Deus. 

Querido Deus, 
Vivemos no tempo do fim e sabemos que o Seu filho, a Rocha dos Séculos, virá em breve como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores para encher a terra com a Sua glória. Que possamos, desde agora, nos abrigar nEle. Amém. 

Koot van Wyk
Universidade Nacional de Kyungpook, Coreia do Sul 



Traduzido por JDS/JAQ



sonho. Os antigos consideravam os sonhos com temor, tratavam-nos como revelações de suas divindades, e buscavam descobrir sua verdadeira interpretação. ...Deus se aproximou do rei Nabucodonosor por meio de um sonho porque, evidentemente, esse era o meio mais eficaz de impressionar a mente dele com a importância da mensagem transmitida, ganhar a confiança e assegurar a cooperação dele. CBASD – Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 4, p. 843, 844.

feiticeiros. A lei mosaica ordenava pena de morte sobre os que praticavam magia negra (Lv 20:27; cf. 1Sm 28:9). CBASD, vol. 4, p. 844.

aramaico. Do heb 'aramith. A família real e a classe governante do império eram caldeus do sul da mesopotâmia e falavam aramaico. Portanto, não é de se surpreender que os cortesãos do rei falassem com ele em aramaico e não em babilônico, a língua da população nativa da Babilônia. CBASD, vol. 4, p. 844.

Como os astrólogos tinham diferentes antecedentes, comunicaram-se em aramaico, idioma que todos entendiam. Daqui ao fim do cap. 7, a narrativa inteira está escrita em aramaico. Esses seis capítulos tratam de questões de importância para as nações gentílicas do Oriente Médio, tendo sido escritas em idioma que todas elas conseguiam entender. Os cinco últimos capítulos (8-12), no entanto, voltam ao hebraico, porque tratam de assuntos de interesse especial para o povo escolhido. Bíblia de Estudo NVI Vida.

uma coisa é certa. O sonho era tão importante para ele e seu império, que a única prova da exatidão das interpretações era consultar os sábios para verificar se estes poderiam contar primeiro os sonhos do rei. Bíblia Shedd.

O assunto me tem escapado (ACF). O sonho foi tirado do rei propositadamente, para que os sábios não lhe dessem uma falsa interpretação (ver FEC, 412). CBASD, vol. 4, p. 844.

despedaçados. Literalmente, "desmembrados". Eles seriam cortados membro por membro (ver 2 Macabeus 1:16; Josefo, Antiquidades, xv.48). Tal crueldade era comum no mundo antigo. Os assírios e os babilônios eram famosos pela severidade e barbaridade com que tratavam seus ofensores. CBASD, vol. 4, p. 844.

13 buscaram a Daniel. O profeta e seus amigos não teriam sido procurados se ainda não fizessem parte do grupo dos "sábios". Portanto, a opinião de que ainda estavam em treinamento não é correta. ... O rei e os próprios sábios não chamaram Daniel e seus três amigos, assim como médicos especialistas, diante de uma enfermidade do rei, também não consultam colegas inexperientes e recém-formados. É infundada a suposição de que o treinamento de Daniel incluísse cursos sobre exorcismo e adivinhação. CBASD, vol. 4, p. 845, 846.

16 Foi Daniel ter com o rei. Visto que Daniel não tinha sido consultado previamente, o rei deve ter julgado justo dar-lhe uma oportunidade. E seu contato prévio com esse jovem judeu cativo, com certeza Nabucodonosor tinha ficado impressionado positivamente com a sinceridade de Daniel. A fidelidade prévia de Daniel nas pequenas coisas abriu as portas para as maiores. CBASD, vol. 4, p. 846.

17 Daniel, tendo falado ao oficial, ao rei e aos seus amigos, vai consultar ao Rei dos reis, o supremo amigo dos fiéis, v. 18. Bíblia Shedd.

18 para que pedissem misericórdia ao Deus do céu. Daniel e seus amigos podiam se aproximar de Deus com fé e confiança porque, até onde sabiam e podiam, eles viviam conforme sua vontade revelada (ver 1Jo 3:22). Tinham a consciência de estar onde Deus queria que estivessem e faziam a obra que o Céu desejava. Se na experiência anterior tivessem comprometido seus princípios e sucumbido às tentações que os rodeava na corte, não poderiam ter esperado uma intervenção divina tão direta nesta crise. A experiência deles contrastava-se com a do profeta de Judá que, por sua desobediência, perdeu a proteção divina (1Rs 13:11-32). CBASD, vol. 4, p. 846.

Daniel bendisse. Ao receber a revelação divina, a primeira atitude de Daniel foi louvar o Revelador de segredos, um exemplo digno para todos que recebem bênçãos do Senhor. CBASD, vol. 4, p. 846.

22 trevas. Aquilo que o ser humano é incapaz de ver não está oculto à vista de Deus (ver Sl 139:12; 1Jo 1:5). CBASD, vol. 4, p. 847.

24 não mates os sábios. Os ímpios não sabem o quanto devem aos justos. Contudo, com frequência os ímpios ridicularizam e perseguem aqueles a quem deveriam agradecer pela preservação de sua vida. CBASD, vol. 4, p. 847.

25 achei. A posição de Arioque no palácio dependia do favor do rei, e por isso tomou todo o crédito para si mesmo. Bíblia Shedd.

33 barro. ...vaso ou pedaço de barro, em vez do barro em si do qual se formam esses objetos. ... "barro de oleiro" ou "cerâmica". CBASD, vol. 4, p. 848.

38 tu és a cabeça. Nabucodonosor era a personificação do império neobabilônico. As conquistas militares e  esplendor arquitetônico de Babilônia se deviam, em grande parte, a suas proezas. CBASD, vol. 4, p. 849.

De ouro. Usou-se ouro em abundância para embelezar Babilônia. Heródoto descreve com profusão de termos o resplendor de ouro nos vários templos sagrados da cidade. A imagem do seu deus, seu trono, a mesa e o altar eram feito de ouro... O profeta Jeremias compara Babilônia a uma taça de outro (Jr 51:7). Plínio diz que as vestes dos sacerdotes eram entrelaçadas com ouro. CBASD, vol. 4, p. 849.

39 Depois de ti, se levantará outro reino. O fato de que um reino viria após a cabeça de ouro de Nabucodonosor indica que a cabeça também representava um reino, que incluía Nabucodonosor (605-562 aC) e vários governantes neo-babilônicos menores que se seguiram a ele (562-539 aC). Andrews Study Bible.

Esse segundo reino da profecia é, às vezes, chamado de império medo-persa porque começou como uma coligação da Média e da Pérsia. Ele incluía o mais antigo império medo e as novas aquisições do conquistador persa, Ciro. ... Em 553 ou 550 aC, Ciro, que tinha se tornado rei da Pérsia como vassalo do império medo, derrotou Astíages, da Média. Assim os outrora subordinados persas se tornaram o poder dominante no que havia sido o império medo. ... Mas o antigo prestígio da Média refletiu-se na frase "medos e persas", aplicada aos conquistadores de Babilônia nos dias de Daniel e mesmo depois (Et 1:19; etc.). ... Anos antes, sob inspiração divina, o profeta Isaías descreveu a obra de Ciro (Is 45:1).  CBASD, vol. 4, p. 850, 851.

O último rei do império persa foi Dario III (Codomano), que foi derrotado por Alexandre nas batalhas de Grânico (334 aC), Isso (333 aC) e Arbela ou Gaugamela (331. aC). CBASD, vol. 4, p. 851

Inferior ao teu. Esta inferioridade, representada pelo valor decrescente dos metais ... poderia ser referir à glória de sua capital (Babilônia é lendária), cultura, e especialmente, dignidade moral, à medida que os governantes humanos se tornaram progressivamente mais corruptos, arrogantes e rebeldes contra Deus. Andrews Study Bible.

Um terceiro reino. A palavra hebraica para Grécia é Yawan (Javã), que é o nome de um dos filhos de Jafé. ... Quando se pensa na Grécia antiga visualiza-se principalmente a era áurea da civilização grega, sob a liderança de Atenas, no 5º século aC. Esse florescimento da cultura grega aconteceu após o período de maior esforço unido das cidades-estados autônomas: a exitosa defesa da Grécia contra a Pérsia por volta da época da rainha Ester ... . "Grécia" (Dn 8:21) não se refere às cidades-estado autônomas da Grécia clássica, mas ao reino macedônico posterior que conquistou a Pérsia. A Macedônia, uma nação consanguínea situada ao norte da Grécia propriamente dita, conquistou as cidades gregas e as incorporou pela primeira vez a um estado forte e unificado. Alexandre, o Grande, depois de ter herdado de seu pai o recém expandido reino grecomacedônico, se pôs em marcha para estender o domínio macedônico e a cultura grega em direção ao Oriente, e venceu o império persa. CBASD, vol. 4, p. 851. 

de bronze. Ver com. [CBASD] sobre 2Sm 8:8. Os soldados gregos se distinguiam por suas armaduras de bronze. Seus capacetes, escudos e machadinhas eram feitos de bronze. CBASD, vol. 4, p. 851, 852.

o qual terá domínio sobre toda a terra. O império de Alexandre foi conhecido por sua vasta extensão. Mas "toda a terra" não se refere à totalidade do planeta. Nem significa "o mundo conhecido de então". ... os impérios em Daniel 2 eram aqueles que controlavam a terra de Israel. Andrews Study Bible.

A história registra que o poder de Alexandre se estendeu sobre a Macedônia, Grécia e o império persa, incluiu o Egito e se expandiu pelo Oriente até a Índia. Foi o império mais extenso do mundo até aquela época. CBASD, vol. 4, p. 852.

40 quarto reino. Esta não é a etapa posterior quando o império de Alexandre se dividiu, mas o império seguinte, que conquistou o império macedônico. Daniel representa as monarquias helenísticas, as divisões do império de Alexandre, por meio dos quatro chifres do bode que simboliza a Grécia (Dn 8:22), não por um animal separado (comparar com as quatro cabeças do leopardo). ... Desde então [após conquistar Cartago e dominar o mediterrâneo ocidental], Roma primeiro dominou e depois absorveu, um a pós outro, os três reinos que restaram dos sucessores de Alexandre (ver com. de Dn 7:6) e, assim, tornou-se o poder mundial seguinte, depois do império de Alexandre. Esse quarto império foi o que mais durou e o mais extenso dos quatro, sendo que, no 2º século da era cristã, estendia-se desde a Grã-Bretanha até o Eufrates. CBASD, vol. 4, p. 852.

será forte como o ferro. Entre 168 e 30 aC, Roma conquistou os reinados gregos nos quais o império de Alexandre foi dividido (comparar 8:8, 22). Roma foi o mais forte e o que durou mais dos reinos representados na estátua de Daniel. Andrews Study Bible.

Roma conquistou seu território pela força ou pelo medo que inspirava seu poder armado. CBASD, vol. 4, p. 852.

41 o reino será dividido. O imperador romano Constantino dividiu o império em duas partes: a ocidental e a oriental (326 dC). A parte ocidental [capital Roma] caiu perante os bárbaros e foi dividido nos vários países da Europa, diferentes em poder. A parte oriental do império romano continuou como Império Bizantino, conquistado pelos muçulmanos em 1453 dC. Andrews Study Bible.

Barro de lodo. No 5º século dC, Roma tinha perdido sua força e tenacidade de ferro, e seus sucessores eram fracos, como a mistura de barro com ferro. CBASD, vol. 4, p. 853.

Haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro. Esses reinos bárbaros diferiam grandemente em poder militar, como declara Edward Gibbon quando se refere às "poderosas monarquias dos francos e visigodos, e os reinos dependentes dos suevos e burgúndios". CBASD, vol. 4, p. 853.

misturar-se-ão com semente humana (ARC). Muitos comentaristas aplicam isso aos matrimônios da realeza. ...podem também se tratar de uma indicação geral de migrações de população, mas que mantém fortes vínculos com o nacionalismo. CBASD, vol. 4, p. 853.

não se ligarão. Tentativas de unir em um império as diferentes nações que surgiram do quarto poder fracassaram. Temporariamente, algumas partes se uniram, mas a união não se provou pacífica ou permanente. ... No final, Satanás conseguirá uma união temporária de todas as nações (Ap 17:12-18; cf Ap 16:14; GC, 624), mas esta será breve, e num curto período os elementos que a compõem se votarão um contra o outro (GC, 656; PE, 290). CBASD, vol. 4, p. 853, 854.

44 subsistirá para sempre. Finalmente, a estabilidade e a imutabilidade virão quando o próprio Deus, no fim dos tempos, estabelecer Seu reino, que jamais será destruído (v. 44). CBASD, vol. 4, p. 843.

46 o rei ... se inclinou. Do aramaico segad, palavra que normalmente parece indicar adoração verdadeira. ... Segad é usado no cap. 3 para descrever a adoração à imagem de outro exigida pelo rei, mas recusada pelos hebreus. CBASD, vol. 4, p. 854.

oferta de manjares e suaves perfumes. Aparentemente o rei tentou tratar Daniel como se fosse divino (comparar At 14:11-18), embora louvasse o Deus de Daniel (v. 47). Andrews Study Bible.

47 vosso Deus é o Deus dos deuses. Nabucodonosor, que chamava seu principal Deus, Marduque, de "senhor dos deuses", reconhece que o Deus de Daniel é infinitamente superior a qualquer dos deuses babilônicos. ... O rei, ano a ano, recebia novamente seu reinado de Marduque no festival de ano novo. ... Embora fosse imperfeito o conceito de Nabucodonosor sobre o verdadeiro Deus, ele teve prova irrefutável de que o Deus de Daniel era infinitamente mais sábio do que todos os sábios e deuses de Babilônia. CBASD, vol. 4, p. 855.

49 a pedido de Daniel, constituiu... Daniel não se iludiu com as grandes honras que lhe foram conferidas. Ele se lembrou de seus companheiros. Eles tinham compartilhado seus momentos de oração (v. 18), e também compartilhariam a recompensa. CBASD, vol. 4, p. 855.

Palestra sobre Daniel 2

Daniel 3


Comentário devocional:

Daniel 3 poderia ser resumido pela frase: “Ouse fazer a diferença”. Quando tivermos este direcionamento, Deus nos sustentará e nos ajudará, mesmo que um milagre seja necessário. 

Nabucodonosor erigiu uma imensa estátua de ouro (ao menos inteiramente folheada de ouro) em desafio à estátua de quatro materiais que vira no sonho, anos atrás, significando os reinos que se sucederiam. A ideia de poder total e eterno sempre seduziu os ditadores. O maior pesadelo deles, por outro lado, era serem eles vítimas de conspirações ou de envenenamento. A maioria tinha provadores de comida e chegavam a dormir cada noite em uma cama diferente para evitar o assassinato. Possivelmente Nabucodonosor temia que houvesse alguma rebelião em curso e uma adoração apoteótica de todos os seus liderados serviria para afirmar seu poder. O castigo para a não demonstração de sujeição seria a morte na fornalha.

A falsa adoração geralmente anda de mãos dadas com música alta e envolvente de forma a utilizar as emoções para envolvimento total dos adoradores. Assim aconteceu na planície de Dura. Todos os instrumentos conhecidos foram trazidos para que a adoração ao rei fosse total.

Os três amigos de Daniel perceberam que estavam sendo impelidos para uma zona de adoração que pertence somente ao verdadeiro Deus e decidiram firmemente não se curvar a outro deus. Seus inimigos, provavelmente invejosos pelos destaque deles na administração do reino, aproveitaram imediatamente a oportunidade para acusá-los perante o rei.

O fato de Nabucodonosor, apesar de irado, dar uma nova chance aos três hebreus indica que ele os conhecia e os respeitava. Porém seu ego falou mais forte ao ser novamente contrariado em público e ordenou que fossem jogados na fornalha, extremamente aquecida.

Da plataforma onde estava, o rei contemplou assustado que os três hebreus não morreram, mas estavam passeando dentro do fogo, acompanhado por um quarto ser de aparência celestial (v. 23). A compreensão de estar diante de uma manifestação divina fez com que Nabucodonosor caísse em si e percebesse que não era nada diante do poder e majestade de Deus (v. 24). Então o rei aproximou-se da abertura da fornalha, a uma distância segura, e chamou os hebreus para fora: "Servos de Deus Altíssimo, saiam!" (v. 26 NVI).

A fidelidade dos três hebreus mesmo correndo o risco de serem mortos teve forte impacto no reino de Nabucodonosor e muitos oficiais devem ter se convertido ao Deus verdadeiro naquele dia. O registro do milagre, em aramaico, passou a fazer parte dos registros oficiais do palácio, como testemunho irrefutável. Apesar de ainda manifestar crueldade em seu decreto (v. 29), a conversão do rei estava a caminho.

Querido Deus,
Somos, a todo tempo, submetidos a influências para desviar de Ti toda a nossa adoração. Que nossa adoração seja verdadeira, conduzida pela suave voz do Teu Espírito, nos mantendo serenamente fiéis à Tua vontade expressa em Tua Palavra. Amém

Koot van Wyk
Universidade Nacional Kyungpook, Coreia do Sul



Texto original: http://revivedbyhisword.org/en/bible/dan/3/

Traduzido por JAQ/JDS


Texto bíblico: Daniel 3 


Palestra sobre Daniel 3




Comentários selecionados:



imagem. Algum símbolo religioso que exige adoração, v.5. Bíblia Shedd.

de ouro. Estátuas grandes desse tipo não eram feitas de ouro maciço, mas apenas folheadas a ouro. Bíblia de Estudo NVI Vida.

sessenta côvados de altura [NVI: vinte e sete metros de altura]. As medidas da imagem testemunham do uso do sistema sexagesimal (um sistema baseado no número 60) em Babilônia, uso confirmado também por fontes cuneiformes. O sistema sexagesimal de cálculo foi uma invenção dos babilônios. Esse sistema tem algumas vantagens sobre o decimal. Por exemplo, 60 é divisível por 12 fatores, ao passo que 100 é divisível por apenas nove fatores. O sistema ainda é usado para algumas medidas, como segundos, minutos, horas, dúzias. Portanto, era natural que os babilônios construíssem essa imagem de acordo com medidas do sistema sexagesimal. A menção deste detalhe confere um verdadeiro tom babilônico à narrativa. CBASD, vol. 4, p. 858.

Incluindo o pedestal imponente sobre o qual, decerto, estava posta. Bíblia de Estudo NVI Vida.

campo de Dura. Situado, provavelmente, 10 km ao sul da cidade da Babilônia. Bíblia de Genebra.

O porquê de não se mencionar Daniel na narrativa é uma pergunta sem resposta. Não é possível saber se ele estava enfermo ou ausente, por causa de importante missão. ... Porém, há certeza de que, se fosse provado, Daniel teria se mantido tão leal quanto seus companheiros. CBASD - Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 4, p. 858.

sátrapas. No período dos persas, o título designava oficiais que regiam satrapias, as maiores divisões do império. CBASD, vol. 4, p. 859.

prefeitos. Esses oficiais administravam as províncias, seções nas quais as satrapias estavam divididas. CBASD, vol. 4, p. 859.

adorareis a imagem de ouro. Até aqui, a narrativa não menciona que se exigiria a adoração da imagem. ... Prestar homenagem à imagem daria prova de sujeição ao poder do rei, mas, ao mesmo tempo, mostraria o reconhecimento de que os deuses
de Babilônia, ou os deuses do império, eram superiores a todos os deuses locais.  CBASD, vol. 4, p. 860, 861.

alguns homens caldeus acusaram. Não se tratava tanto de antagonismo racial ou nacional, mas de inveja e ciúmes profissional. Os acusadores eram membros da mesma casta à qual pertenciam os três judeus. CBASD, vol. 4, p. 861.

acusaram. Uma tradução literal seria: "eles comeram os pedaços de"; e daí, figurativamente, "caluniaram" ou "acusaram". CBASD, vol. 4, p. 861.

12 tu constituíste. Aqui transparece o espírito de inveja. Bíblia Shedd.

17-18 se ... quer livrar-nos ... se não. Estes versículos expressam o tema central deste capítulo. A ideia não é que Deus sempre protegerá o seu povo dos danos físicos (Is 43.1-2). Ele pode fazer isso e, sem dúvida, é capaz de tanto. A ideia central é que o povo de Deus devia ser fiel a Ele, sem se importar quais fossem as consequências. Bíblia de Genebra.

19 aquecida sete vezes mais.A temperatura era controlada pelo número de foles que impeliam o ar para o interior da câmara de combustão. Portanto, a sétupla intensificação era obtida com sete foles bombeando ao mesmo tempo. Mas a expressão "sete vezes mais que de costume" podia também simbolizar "tão quente quanto possível" (com o número sete significando totalidade). Bíblia de Estudo NVI Vida.

Um aumento do calor na fornalha não teria aumentado a tortura das vítimas. O rei queria impedir qualquer possibilidade de intervenção. CBASD, vol. 4, p. 863.

25 filho dos deuses. Ou "um filho dos deuses", isto é, um ser divino. Esta declaração está de acordo com a perspectiva religiosa de Nabucodonosor. O ser era Cristo, pré encarnação. Ele literalmente cumpriu a promessa de Deus de estar com Seus filhos para livrá-los: "quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti" (Is 43:2 [ARA]). Andrews Study Bible.

A proteção divina foi publicamente revelada mediante a obra de alguém que era semelhante a um filho dos deuses, ou seja, o Redentor revelado "antes dos dias da Sua carne" (Hb 5.7) que os "salvou totalmente" (Hb 7.25) do fogo. Bíblia Shedd.

26 Deus altíssimo. Este é um título que exprime a autoridade universal de Deus. Tal como no v. 29 e em 2.47, tal confissão, nos lábios de um pagão, não é um reconhecimento de que o Senhor de Daniel é o único Deus, mas tão-somente que Ele é supremo sobre todos os deuses (4.2, 17, 34). Para um judeu, porém, isso significa que só existe um Deus (4.24-32; 5.18, 21; 7.18-27). Bíblia de Genebra.

29 decreto. Mais tarde, um decreto semelhante foi feito por Dario, rei da Pérsia, Ed 6.11-12. Mesmo assim, Deus está sendo considerado apenas um entre os deuses. Os reis dos pagãos precisam de milagres para se convenceram da existência de Deus e, ainda assim, logo voltam a adorar-se a si mesmos, 40. Bíblia Shedd.

Assista à palestra do pastor Arilton de Oliveira sobre Daniel 3 em: 

Daniel 4


Comentário devocional:

Neste capítulo, temos um relato escrito do testemunho de Nabucodonosor extraído por Daniel dos arquivos da Babilônia. É uma surpreendente e dolorosa confissão de pecados que teve um desfecho feliz. 

Nabucodonosor era um homem pecador, cruel para com os oprimidos (v. 27). O Senhor avisou Nabucodonosor através de um sonho interpretado por Daniel, de que passaria por maus pedaços, até pelo vale da sombra da morte, mas que se recuperaria e sairia exaltado desta situação, o que realmente aconteceu.

Quando tudo estava indo bem com Nabucodonosor, ele teve mais um sonho que tirou sua paz. Ele viu uma árvore frondosa e produtiva, que abrigava e nutria os animais da floresta. Esta árvore teve seu tronco cortado e permaneceu assim por sete anos (v. 5, nota NVI), ao final dos quais seria reabilitada.

Ele viu uma árvore frondosa e produtiva, que abrigava e nutria os animais da floresta. Esta árvore teve seu tronco cortado e permaneceu assim por sete anos (v. 5, nota NVI), ao final dos quais foi reabilitada.

Ninguém a não ser Daniel conseguiu interpretar o sonho. A árvore frondosa e frutífera simbolizava Nabucodonosor e seu império, a "cesta de pão” do mundo então conhecido. O tronco cortado significava a inteligência retirada do rei, de quem os representantes dos países iriam se afastar. O rei iria viver entre os animais o tempo suficiente para que ele e todos reconhecessem que Deus é soberano ao dar e retirar dos homens o domínio da terra.

Um ano se passou depois que Daniel deixou a presença do rei na corte e nada havia acontecido (v. 29). Nabucodonosor esqueceu a Palavra de Deus e deu lugar à orgulhosa exaltação própria (v. 30). Neste dia, enquanto ainda estava andando no terraço superior do palácio e admirando suas obras (29 NVI), o próprio Deus falou com Nabucodonosor, dizendo-lhe que a sua autoridade tinha sido tirada (v. 31). A sentença de Deus se cumpriu naquele exato momento e Nabucodonosor perdeu sua glória e sua inteligência e deixou o palácio para viver com os animais (v. 33). 

Depois de sete anos longe da convivência dos humanos, Nabucodonosor levantou os olhos para o céu em espírito de humildade e oração. Então sua sanidade voltou e seu primeiro ato foi bendizer, glorificar e louvar a Deus, “que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno e cujo reino é de geração em geração” (v 34 ARA). Sua majestade e resplendor imediatamente foram restauradas e ele foi reconduzido pelos seus conselheiros de volta ao trono. 

Sua grandeza foi ainda maior que antes (v. 36). Ao final de sua experiência, Nabucodonosor não só reconheceu a glória e o poder do Altíssimo, mas o louvou por tê-lo livrado da loucura da arrogância e da exaltação própria (v. 37).

Querido Deus,
Nós também enfrentamos o problema de nos gloriarmos acerca de nossas boas obras e nos contaminarmos com pensamentos de grandeza. Ajude-nos a fixar nossos olhos em Jesus o único que pode nos perdoar e libertar de nossos pecados. Amém.

Koot van Wyk,
Universidade Nacional Sangju, Coreia do Sul



Texto original: http://revivedbyhisword.org/en/bible/dan/4/

Traduzido por JAQ/JDS

Texto bíblico: Daniel 4 

Palestra sobre Daniel 4

Daniel 5


Comentário devocional:

Todos nós conhecemos os eventos da última noite do império babilônico: uma festa regada a muito vinho com todos os nobres da Babilônia, no auge de uma guerra, com os inimigos persas à porta da cidade fortaleza que se achava inexpugnável. O espírito de busca ao prazer de Belsazar seguia a expressão comum na época: “comamos, bebamos, porque amanhã morreremos” (Is 22:13 NVI) – como uma profecia. No auge da orgia, quando todos já estavam altamente embriagados, Belsazar, o anfitrião, manda vir as taças que haviam sido tomadas do templo de Jerusalém para que nelas bebessem em homenagem aos deuses da Babilônia.

Neste momento, dedos de uma mão de forma humana escrevem misteriosa inscrição na parede do palácio, dando fim, de vez, às festividades e deixando todos atônitos e tremendo de medo. 

Tendo os sábios falhado em ler as inscrições e dar o seu sentido, a rainha mãe (mãe de Belsazar e esposa de Nabonido, adorador da lua e que se refugiara na cidade de Tema) lembra Belsazar de Daniel. O profeta, desde os tempos de seu avô, Nabucodonosor, mostrara capacidade de “interpretar sonhos e resolver enigmas e mistérios” (v. 12 NVI), tendo convivido e influenciado todos os famosos reis babilônicos. Daniel, agora com 83 anos, é trazido até eles. O porte nobre, digno e seguro do ancião contrasta com o estado deplorável, confuso e amedrontado dos jovens que até há pouco se divertiam sem limites. Daniel relembra a história que a família real conhecia muito bem: a loucura de seu avô após sua arrogante grandeza e sua cura, numa lição divina de humildade e assim, de forma sutil e diplomática, repreende a postura de Belsazar.

As palavras na parede lidas por Daniel, MENE, MENE, TEQUEL, PARSIM (mina, mina, shekel, upharsin, plural de peres) eram medidas persas de peso ou dinheiro*, mas que também se referiam às expressões: “numerar”, “pesar” e “cortar/dividir” ou “persas”. Para um bom entendedor babilônico, estas palavras expressavam a condenação do império.

Apesar de honrar a Daniel, concedendo a ele as honras de chefe de estado, como terceiro no reino, abaixo apenas de si e de seu pai, Nabonido, Belsazar não demonstrava arrependimento verdadeiro. Seu espírito, embriagado, não mais respondia ao Espírito de Deus, demonstrando apenas culpa.

Naquela mesma noite, o general medo Gubaru, que mais tarde passou a se chamar “Dario, o medo”, o governante mencionado em Daniel 6, tomou a cidade fortificada de Babilônia a partir do leito seco do desviado rio Eufrates, e entrou pelas portas internas, abertas pelos sacerdotes do deus Marduque, deixados de fora das festividades, de acordo com textos cuneiformes. A profecia de vida de Belsazar e seus nobres se cumpriu à risca: todos morreram naquela noite.

Belsazar recebera todas as informações e oportunidades para seguir e adorar o Deus verdadeiro, o Deus dos hebreus e de Daniel. Certamente conhecia as histórias do sonho da estátua e da fornalha, situações de crise e morte para os hebreus, transformada em livramento e exaltação. 

Mas informação apenas não basta para um coração arrogante e determinado a fazer sua própria vontade, à revelia da voz do Espírito em sua consciência. É necessária humildade e entrega diária para que Deus possa operar a salvação em nós. Caso contrário, da consciência endurecida restará apenas a culpa. E culpa não traz benefício algum. Somente serve para induzir ao suicídio. É isto que cometemos em nossa vida quando nos afastamos de Deus. Como aconteceu com Belsazar.

* algo como "dólar, dólar, penny e meio dólar", cf Andrews Study Bible.

Querido Deus,
que as bênçãos que recebemos não nos impeçam de reconhecer que Tu és a fonte de toda boa dádiva. E que com espírito humilde, possamos reconhecer que a Tua presença em nossa vida é a maior de todas as bênçãos que podemos  receber.


Koot van Wyk
Universidade Nacional de Kyungpook, Coreia do Sul



Texto original: http://revivedbyhisword.org/en/bible/dan/5/

Traduzido por JAQ/JDS

Texto bíblico: Daniel 5

Palestra sobre Daniel 5

Daniel 6


Comentário devocional:

O general de Ciro, Gubaru (ou Gobryas), que tomou Babilônia, também foi o seu primeiro governante, sob o nome de Dario, o Medo (v. 1).
Daniel foi colocado como um dos três supervisores dos 120 sátrapas ou governadores escolhidos pelo rei e, com a ajuda de Deus, distinguiu-se como um bom estadista muito acima dos outros dois altos oficiais do rei. Estes, invejosos de Daniel, tentaram, em vão, encontrar alguma acusação contra ele (v. 4). Daniel não se corrompia e era extremamente trabalhador e confiável. Legalmente não podiam fazer nada contra ele; então eles foram buscar algo contra ele em sua religião (v. 5). 

Dissimulando honrar ao rei, eles o persuadiram a emitir um decreto que não poderia ser revogado: no período de 30 dias ninguém poderia fazer petição a qualquer deus ou pessoa, a não ser para Dario, sob pena de ser lançado na cova dos leões (v. 7).

Quando Daniel ouviu falar acerca do decreto, abriu as janelas de sua casa e continuou orando a Deus três vezes por dia, como sempre fizera. Nada mudara para ele (v. 10). Daniel sabia que a adoração contínua e a oração eram a chave para o sucesso espiritual de sua vida. Ao testemunharem isto, os inimigos de Daniel o acusaram de desobediência ao decreto do rei.

O rei só neste momento entendeu a armadilha em que caíra e ficou consternado com a noticia, porque gostava muito de Daniel (v. 14). Dario buscou de todas as maneiras salvá-lo porém, sem sucesso (v. 15) – a lei dos medos e persas estava acima dele. A muito contragosto, Dario ordenou que se baixasse o ancião, que teria 83/84 anos na época, através de cordas na cova dos leões, expressando a ele o sincero desejo de que seu Deus o salvasse (v. 16). Em seguida, a cova foi fechada com uma pedra e selada com o selo do rei e os selos dos nobres (v. 17). 

Nesta noite não houve para Dario sono, comida ou entretenimento (v. 18). Imediatamente aos primeiros raios do sol correu para a cova para ver o que acontecera (v. 19). Com aperto no coração, já esperando pelo pior, chamou Daniel para ver se ainda estava vivo (v. 20). Para grande alegria de Dario, Daniel, de dentro da cova, louvou a Deus por ter sido salvo dos leões, sem qualquer ferida sequer (vv. 21, 23). Então, os papéis se inverteram e os acusadores de Daniel foram jogados, junto com suas mulheres e filhos na cova dos leões, onde foram imediatamente devorados (v. 24).

Este episódio claramente inspirado pelo inimigo de Deus teve como resultado exaltá-Lo ainda mais, pois em todo o reino se fez conhecido, por decreto real, que “Ele é o Deus vivo e que permanece para sempre; o Seu reino não será destruído, e o seu domínio não terá fim.” (vv. 25-26). Este decreto foi colocado nos arquivos do reino para que os futuros governantes dos medos e persas tivessem dele conhecimento. Através dele, Dario testemunhou que Deus resgata e salva, opera sinais e maravilhas no céu como na terra (v. 27) para livrar os seus. Dario estava aqui não só relatando o passado, mas também profetizando e descrevendo a obra de salvação de Deus em Jesus.

Naquele ano e no próximo Daniel prosperou, tanto no reinado de Dario quanto no de Ciro, que o sucedeu no trono. A última data que temos notícias de Daniel foi o ano de 536 aC, no terceiro ano de Ciro, quando ele teve a longa visão dos capítulos 10 a 11, sobre os reinos que se sucedem até a ressurreição dos justos, no fim dos tempos.

Querido Deus,
Diariamente teu povo remanescente é alvo de críticas, falsas acusações e perseguições. O objetivo é diminuir a sua influência para o bem. Resgata e protege, Senhor, o Teu povo, não só das acusações, quanto de estar entre os acusadores. Em Teu Santo Nome oramos. Amém.

Koot van Wyk
Universidade Nacional Sangju, Coreia do Sul



Texto original: http://revivedbyhisword.org/en/bible/dan/6/

Traduzido por JAQ/JDS

Texto bíblico: Daniel 6 

Comentário em áudio

Palestra sobre Daniel 6



Comentário pastor Heber Toth Armí sobre Daniel 6

Se vivêssemos a religião bíblica como deve ser; se não rendêssemos à cultura do mundo, mas aos princípios do Céu; se o amor por Deus determinasse nosso comportamento e nossas decisões, certamente não veríamos sermõezinhos pragmáticos, megaigrejas aguadas e os efeitos pós-modernos numa sociedade capenga.

Daniel não é crente camaleão, que muda conforme dita a sociedade, a moda, a política ou, se outros crentes não são como ele: resoluto na Palavra de Deus. Além disso, a vida de quem vive pela fé – não pelo medo ou conveniência, é eletrizante, emocionante: Daniel foi jogado vivo para ser comido pelos leões, e saiu vivo – ele tem histórias para partilhar!

Note: Ser convencido é uma coisa, ser convicto é outra; assim como ter fé é uma coisa e, viver pela fé é outra. A atitude de Daniel em orar com a janela aberta confronta a irrevogável lei medo-persa, porém sua atitude não é de rebeldia e arrogância, mas de submissão ao Deus que os infiéis arrogantemente desprezam e ignoram.

Diante da arrogância em prol do erro, da pressão e ameaça para com os fieis, os verdadeiros filhos de Deus, mesmo em face a leões, perseguições e morte, têm honrado, primariamente, a Deus. Por que não ser corajoso contra os homens perversos, quando estes são tão corajosos em desafiar a Deus?

Daniel permaneceu uma noite entre leões, os que o acusaram sentiram na pele o que significa isso; o resultado, porém, revelou que é muitíssimo melhor servir a Deus do que acusar os servos de Deus.

Ainda, neste capítulo aprendemos que,
1. É melhor obedecer a Deus que aos homens, ainda que o homem seja o rei do maior império mundial. 
2. É melhor cumprir a lei de Deus quando as leis dos homens confrontam essa lei.
3. É melhor honrar a Deus do que lutar para preservar a vida, pois Deus é Quem dá e preserva a vida.
4. É melhor viver os princípios divinos, custe o que custar, antes que os caprichos da vontade humana.
5. É mais prudente agradar a Deus do que a qualquer ser humano, por mais importante que ele seja.
Em nossa geração, carecemos de gente de convicção. “Reaviva, Senhor, nossa paixão por Ti”.
Viva hoje o ideal de Deus!

Daniel 7

Comentário devocional:

Neste capítulo, Daniel muda de história para profecia. Os últimos sete capítulos de Daniel contêm vários sonhos e visões vindos de Deus.

Em Daniel 7, retorna-se para antes dos eventos de Daniel 5, ao tempo em que Belsazar ainda era o regente. Nestes dias, Daniel viu um sonho que repetiu o padrão do sonho da estátua do cap. 2, porém com detalhes adicionais.

Neste sonho, Daniel viu vários animais saindo sucessivamente de um grande mar [os povos da Terra] agitado por ventos [agitações populares, guerras] que vinham de todas as direções (vv. 1-3). Os animais se assemelhavam com um leão alado, um urso, um leopardo, e um animal com dez chifres, de aparência terrível, que não se parecia com nenhum outro animal conhecido (vv. 4-7). Enquanto Daniel estava ainda espantado com a aparência do quarto animal terrível com seus chifres, um pequeno chifre "surgiu entre eles" e três chifres foram arrancados (v. 8).

Após os quatro animais subirem do mar, Daniel viu muitos tronos serem colocados e num deles, envolto por fogo, se assentou um "Ancião", o próprio Deus (v. 9). Milhões serviam o Ancião em uma atividade de julgamento, enquanto cada animal recebia um tempo de vida (v. 10, 12). Daniel reconheceu ali que Deus é Quem levanta e derruba impérios. Ele permite que alguns continuem por determinado tempo e faz com que outros desapareçam. A autoridade dos reinos é concedida ou retirada no céu.

A sucessão dos reinos nos ensina que o leão alado era Babilônia, personificada por Nabucodonosor. O urso era o império combinado dos medos e persas, que se levantou sobre o lado mais forte, os persas. O leopardo simbolizava, em sua rapidez, o império grecomacedônico de Alexandre.

O quarto animal com dez chifres era tão estranho e temível que chamou sobremodo a atenção de Daniel. Após o surgimento e crescimento do chifre que falava arrogantemente blasfêmias contra Deus, este animal foi julgado, morto e destruído no fogo. Este animal representava o império romano, incluindo o Sacro Império Romano, que o sucedeu.
Recebeu Daniel, ainda, a informação que os dez reis eram dez reinos, que o poder representado pelo chifre pequeno falaria contra o Altíssimo, mudaria os tempos e as leis e oprimiria os santos por “um tempo, tempos e metade de um tempo”, frase que foi preservada num dos pergaminhos com o livro de Daniel, que faziam parte dos manuscritos do mar Morto, nas cavernas de Qumram. 

Como a palavra traduzida por “tempo” também podia significar “ano”, temos “ano, “anos” e “meio ano”, ou seja, três anos e meio. Se considerarmos, ainda, que o ano judeu tinha aproximadamente 360 dias, chegamos à cifra de 1260 dias (360 dias x 3,5 anos).

Se aplicarmos o princípio de interpretação profética de que um dia profético significa um ano literal (Nm 14:33, 34; Ez 4:4-7 ) chegamos ao período de 1260 anos da perseguição movida por Roma, contra os cristãos em geral, que começou em 538 dC, sob o imperador romano Justiniano e contra os cristãos que não se submeteram às doutrinas humanas impostas por Roma eclesiástica, que se seguiu. O período dos 1260 anos mostrado ao profeta Daniel é o mesmo que foi mostrado a João em Apocalipse 12:6.

Agitado e aterrorizado com tudo que vira: a sucessão de reinos, o chifre blasfemo, justos sendo mortos, juízo investigativo divino e juízo executivo, Daniel pergunta o significado de tudo que vira (v. 16) e recebe a informação:  os reinos passariam, mas os justos, que sofreram de modo destacado sob o poder do quarto animal/reino, ao final “receberão o reino e o possuirão para sempre” (v. 18 NVI). 

Esta visão dada a Daniel fornece segurança e esperança a todos nós que seguimos a Deus. Nosso Senhor tem a história em suas mãos e determinou que o reino eterno será dado aos santos do Altíssimo (v. 27).

Querido Deus,
Conforta-nos saber que controlas e conduzes não só as nações, mas também as nossas vidas. Conduz-nos ao destino que reservas aos que Te amam: uma vida plena e abençoada aqui neste mundo e uma vida eterna conTigo. 

Koot van Wyk
Universidade Nacional Sangju, Coreia do Sul


Texto original: http://revivedbyhisword.org/en/bible/dan/7/

Traduzido por JAQ/JDS

Texto bíblico: Daniel 7 

Palestra Daniel 7

Daniel 8

Comentário devocional:

Daniel, após a queda de Babilônia, tem mais uma visão com animais: um carneiro com dois chifres, simbolizando a Medo-Pérsia, que dominava a Mesopotâmia e a Terra Santa (que formavam o Crescente Fértil) e um bode, que o derrota, simbolizando o império grecomacedônico, das conquistas rápidas de Alexandre, o Grande. 

O profeta vê o chifre do bode da visão subitamente se quebrar. E em seu lugar nascem quatro chifres que crescem “na direção dos quatro ventos da terra” (v. 8). De fato, na concretização da profecia, Alexandre morre inesperadamente e seu reino é dividido em quatro porções entre seus generais.
De um dos ventos, nasce um pequeno chifre que cresce em poder e faz coisas terríveis, chegando a desafiar o Príncipe do exército  e destruir o santuário.  Da visão do cap. 7, vimos que o quarto animal simbolizava Roma em suas fases imperial e religiosa.  Este chifre que nasce pequeno e cresce em poder tem todas as características do quarto império do cap. 7, Roma.

Cabe observar que alguns teólogos interpretam que o pequeno chifre nasce de entre os quatro chifres do bode, ou seja, seria um poder que se afirma a partir de um dos quatro reinos nos quais o império de Alexandre se divide. Assim, eles apontam para Antíoco Epifânio, que governou a Terra Santa, perseguiu os judeus e seu culto, chegando a fazer sacrifícios de animais imundos no templo de Jerusalém. Porém, uma análise mais acurada dos elementos da profecia e seus desdobramentos revela que esta interpretação carece de sustentação, pois a guerra contra Deus profetizada dura 1260 anos e não apenas poucos meses.

Todos os elementos visualizados por Daniel sobre o chifre que surgiu pequeno se cumprem em Roma. A visão diz que o santuário e o exército (o povo fiel a Deus) serão entregues "a fim de serem pisados" (Daniel 8:13, ARA). Roma desafiou Jesus, o Príncipe do exército, suprimiu o sacrifício diário, isto é, fez com que as pessoas olhassem para seres humanos e não para Jesus a fim de obterem o perdão dos pecados, e perseguiu os santos. Durante este período, cristãos sinceros que não traíram sua fé foram perseguidos e mortos.

Em seu sonho, Daniel ouve um anjo perguntar ao outro quanto tempo duraria esta situação, de uma instituição atribuir a si mesma o trabalho de mediação de Cristo (v. 13) e obteve a resposta de que depois de duas mil e trezentos dias (ou 2300 anos) o santuário seria purificado (v. 14). Isto aponta para o Dia da Expiação, quando o santuário era purificado dos pecados nele deixados durante o ano.

Apesar do anjo dizer a Daniel que a visão dos 2300 dias se referiam a tempos distantes (v. 26), Daniel ficou muito abalado e fraco, pois não conseguia entender o que estava ali envolvido.

As profecias concedidas a Daniel não se referiam à sua época, não se limitavam ao retorno dos Judeus após 70 anos de cativeiro, mas tinham como foco o tempo do fim (v. 19). Foram dadas para este nosso tempo presente, para preparar um povo para adorar somente o Deus verdadeiro e assim achar-se preparado para o breve retorno de Jesus Cristo a este mundo.

Querido Deus,
Dirigimos nossa atenção a Ti, que habitas no Santuário Celestial, onde nosso caso é julgado. Limpa agora a nossa vida de nossas culpas e veste-nos com a Tua justiça, declarando-nos justos, perante todo o Universo, pelos méritos de Jesus. Amém.

Koot van Wyk
Kyungpook Universidade Nacional, Coreia do Sul.



Texto original: http://revivedbyhisword.org/en/bible/dan/8/

Traduzido por JAQ/JDS

Texto bíblico: Daniel 8 

Comentário em áudio

Programa de TV sobre Daniel 8



COMENTÁRIO PASTOR HEBER

Por ser mistério, o futuro sempre atraiu os curiosos. Profecias de diversos tipos, lugares e pessoas têm atraído multidões. 

Inclusive as profecias bíblicas têm fascinado estudiosos do mundo inteiro, ainda que elas não visem sanar a curiosidade de ninguém com relação ao futuro.

Talvez seja por isso que, em relação ao futuro, muitos trocam a Bíblia por horóscopo, cartomancia, tarôs, Nostradamus, bruxos e tantos outros futurólogos que vão desde ateus e espíritas até católicos, evangélicos e pentecostais espalhados pelo mundo. Contudo, a única verdade sobre o futuro é bíblica (v. 26), que visa restaurar nossa vida.

Nosso capítulo de estudo é a visão profética dada por Deus a Daniel (v. 1), que, embora no terceiro ano de reinado de Belsazar (c. 448 a.C.) aplica-se ao tempo do fim (v. 17), ao tempo determinado do fim (v. 19), dias ainda mui distantes (v. 26). Essa profecia nunca foi tão importante na história como é agora.

Cerca de 2500 anos atrás, Deus já sabia exatamente o que aconteceria na história moderna. Ele revelou na figura do carneiro e do bode; os quais representam os impérios medo-persa e grego (vs. 20-22). Na sequência, o império mundial foi Roma, representado pelo chifre pequeno. O qual ainda existe em sua forma religiosa!

Esse quarto Império, em sua fase política e também religiosa, caracterizou-se por seu poder e autoridade, confrontando a todos que opusessem em seu caminho; porém, assim só causou o mal: enganou, perseguiu e destruiu o povo de Deus (vs. 9-12; 23-26). Todavia, a verdade que fora adulterada, profanada e substituída pela mentira seria restaurada (vs. 13-14).

Durante a Idade Média, houve trevas espirituais como nunca antes. A igreja, outrora cristã, só preservou o título de cristã; suas pregações, porém, eram pagãs. A Igreja Católica Apostólica afastou-se de Cristo e da Bíblia ao tornou-se romana, pois substituiu a doutrina cristã por filosofias pagãs como se fossem cristãs. Ao proibir a leitura da Bíblia, a igreja fez prosperar o erro, (heresias).

Todavia, após um falso cristianismo deturpar o plano da salvação, Deus entrou em cena e a mensagem do santuário, de um Sumo Sacerdote Intercessor e Salvador, foi restaurada – o alvo desta profecia!

Portanto, ainda tem muita gente nas trevas do erro - compartilhe a luz da verdade! – Heber Toth Armí.